Dirceu Pinto e Eliseu dos Santos
O Brasil encerrou a 
participação nas Paralimpíadas de Londres com uma campanha histórica. Foram 21 
ouros, 14 pratas e oito bronzes, que resultaram na inédita sétima colocação no 
quadro geral de medalhas. Mas por que, ao contrário dos Jogos Olímpicos, o país 
está lado a lado dos melhores do mundo nas modalidades praticadas por 
deficientes? A reportagem do iG conversou com alguns especialistas e listou os 
principais motivos que colocaram a nação entre as mais relevantes do 
setor:
Investimentos no 
alto rendimento
O Brasil nunca investiu tanto 
nos atletas paralímpicos. Somente no último ciclo, os gastos voltados para 
atletas com deficiência pularam de R$ 77 milhões para R$ 165 milhões. A verba é 
originada da Lei Piva, Lei de Incentivo ao Esporte, apoio dos governos estaduais 
e patrocínios.
“Tivemos novos programas, como 
o Projeto Ouro. Escolhemos 15 atletas realizando uma preparação individualizada 
com cada um, cedendo equipe técnica própria, contratando sparrings e coisas do 
tipo. Além do pagamento fixo de bolsa-auxílio e tudo mais”, comentou o 
presidente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), Andrew Parsons, ao citar um 
dos projetos de incentivo.
O problema é que, a exemplo do 
que acontece nas modalidades olímpicas, os investimentos ainda estão muito 
centralizados no alto rendimento. Com isso, a revelação de atletas nas equipes 
de base fica comprometida. Atualmente, ela está presa a torneios escolares e à 
atuação de “olheiros” à procura de novos talentos.
Brasil supera número de medalhas de ouro de Pequim e atinge 
melhor desempenho da história; Ver quadro de 
medalhas
Grande população 
de deficientes no país
De acordo com pesquisa feita 
pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil conta com quase 20 milhões de 
pessoas com algum tipo de deficiência. O número é superior a populações inteiras 
de países como Chile e Holanda, o que aumenta o potencial de revelação de 
atletas.
Daniel Dias se consagrou nas Paralimpíadas de Londres como 
maior ganhador individual de medalhas de ouro, seis no total. Foto: Gety 
Images
Outro levantamento feito pelo 
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que a população 
ultrapassa os 45 milhões. Entretanto, a estimativa não é tão aceita no âmbito 
esportivo devido aos critérios mais brandos sobre deficiência adotados pela 
entidade.
Restrições sociais 
e preconceito no mercado de trabalho
Apesar de ser uma potência 
paralímpica, o Brasil é um país bem limitado em relação às condições dadas aos 
deficientes de maneira geral. Os problemas vão desde o preconceito social até à 
falta de inclusão no mercado de trabalho.
Terezinha com de seus acessórios coloridos na pista das 
Paralimpíadas
Para se ter uma ideia, um 
levantamento do Ministério da Educação apontou que existem apenas 12 mil alunos 
com deficiência cursando o Ensino Superior no Brasil: nada mais do que 0,2% dos 
seis milhões de estudantes universitários do país. Como consequência, muitos 
deficientes encaram o esporte como único projeto de carreira.
“O deficiente no Brasil 
praticamente não tem acesso aos direitos básicos de cidadania. O esporte às 
vezes é um meio de reabilitação à vida comunitária, mas isso também gera um 
grande problema, pois o atleta fica sem acesso à educação. É diferente de países 
como Estados Unidos, onde ele pode conciliar os treinamentos com os estudos. 
Aqui, não existe este tipo de oportunidade”, ressaltou Teresa Costa d’Amaral 
fundadora do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com 
Deficiência).
Criação de 
ídolos paralímpicos
Desde Sydney-2000, o 
desempenho do Brasil nas Paralimpíadas é superior ao dos Jogos Olímpicos. Desta 
forma, o país conseguiu lançar uma série de ídolos que ajudaram a incentivar a 
prática esportiva dos deficientes.
Não existem levantamentos 
realizados sobre o número de praticantes das modalidades no país por conta aos 
diferentes critérios adotados sobre cada deficiência, mas a estimativa é que o 
número tenha dobrado somente na última década.
“O bom desempenho geral do 
Brasil nas Paralimpíadas gera ídolos e são eles que inspiram os novos atletas. 
Os meninos olham para nomes como Antônio Tenório e Clodoaldo Silva e sonham em 
praticar o esporte no alto rendimento”, destacou Andrew Parsons.
Fonte: IG - http://www.deficienteciente.com.br
 

 
Um comentário:
Somos um povo resiliente, carregado de coragem e acostumados a superar todos os limites que nos são impostos. Acho que vem daí o SUCESSO dos nossos ATLETAS mais que ESPECIAIS das paralimpíadas.
Grande abraço
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