segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Jovem que ficou 9 anos sem audição se emociona ao ouvir novamente

Curitibana perdeu a audição aos 16 anos e há 5 meses redescobre os sons.
Com implante coclear, Priscila escolheu ouvir uma música de adolescência


Depois de nove anos em um silêncio absoluto, há cinco meses a estudante curitibana Priscila Soares se surpreende ao redescobrir os sons. Aos 16 anos, ela começou a perder a audição. Foi rápido, em poucos dias e nem os médicos souberam explicar.
Na época a adolescente adorava escutar música e cantar. Com as amigas, ela inclusive participava de um coral. “Em um mês abaixou um pouquinho, mas do nada, da noite para o dia, daí eu acordei sem ouvir nada”, contou Priscila.
Durante os anos estes anos, a jovem guardou na memória os sons que mais gostava, as vozes das pessoas. “Cada pessoa, a minha cabeça projetava uma voz. Todas as vozes eram diferentes. Meu objetivo era esse: treinar o meu cérebro para não esquecer os sons”, relatou.

Mas há cinco meses com um implante coclear, Priscila redescobre os sons que a rodeia. Através de uma cirurgia, o aparelho eletrônico que foi instalado dentro do ouvido transforma os sons em um impulso elétrico que vai para o cérebro. O impulso é interpretado como som e possibilita a audição. Uma parte do aparelho fica fora do ouvido que é preso com um ímã.
Quem ajudou a jovem a descobrir o aparelho, foi o namorado Henrique Luiz Ribeiro. Eles se conheceram quando Priscila ainda se comunicava apenas pela leitura labial e ele passou a pesquisar técnicas para fazer a namorada ouvir de novo. “Eu pensei nela como um ser humano, que merece isso. Eu acho que todas as pessoas merecem isso. As pessoas que têm essa deficiência auditiva deveriam ter uma forma muito mais fácil de chegar, de ter acesso a essa tecnologia, que ela está tendo agora”, disse o namorado que é engenheiro de computação.

O primeiro som que Priscila ouviu com a ajuda do aparelho foi uma música que ela escutava muito durante a adolescência. “Foi incrível! Porque eu pensei: poxa vida, tantos anos sem ouvir... Foi uma emoção muito grande”, descreveu a jovem.

Sobre o momento de reencontrar e descobrir sons, ela brinca que se assustou quando ouviu pela primeira vez a voz do namorado. “Era uma voz mecanizada. Tipo um robozinho”, lembrou e riu.
O mesmo aconteceu quando ouviu a voz do irmão, nove anos mais velho. “Ele era pequenininho, eu cheguei a ouvir a voz dele, então era aquela voz de pequenininho sempre. Primeira vez quando ouvi a voz do meu irmão, com 19 anos, grossa. Daí pensei: Meu Deus, o que que é isso, não é a voz que eu lembrava!”, contou sobre a surpresa.

Com força de vontade, mesmo sem ouvir por tanto tempo, Priscila entrou na faculdade e cursa Psicologia. Daqui a dois anos, quando estiver formada, ela pretende ajudar outras pessoas que têm a mesma deficiência dela através da experiência que teve. “Voltar a ouvir a voz da minha mãe, do meu pai, ouvir a nova voz do meu irmão, conhecer a voz do meu namorado, então fora as vozes... Voltar a ouvir som de pássaros, uma coisa que eu tinha me esquecido totalmente. Lembrava algumas, mas... esses sons são lindos. Todo o tipo de som, independente dele ser ruim, é ótimo”, disse com prioridade.


G1

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