Salman Khan: o e-learning pode mudar sim o papel dos professores na educação
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Falamos, por e-mail, com o fundador da plataforma, Salman Khan. Físico formado pelo MIT, Khan dava aulas despretensiosas de matemática e as postava no YouTube para ajudar seus primos. Com vídeos curtos e simples, suas explicações ficaram tão populares na internet que ganharam o mundo nascendo, assim, a Khan Academy. A plataforma tem tradução para o português graças a uma parceria da Fundação Lemann. Nela, o estudante só avança quando o aprendizado estiver consolidado.
A seguir, leia a entrevista da rede Universia com Salman Khan:
Universia Espanha - O e-learning muda o papel dos professores na educação?
Bons professores sempre foram os únicos capazes de mudar a mentalidade dos seus alunos. Mais do que excelentes professores sobre um determinado tema, eles são os únicos que conseguem promover um amor pelo aprendizado em geral, que dura por toda a vida de um estudante. Acreditamos que ferramentas como Khan Academy permitem que os professores dediquem ainda mais energia nessa tarefa tão importante gastando menos tempo ensinando e elaborando testes de avaliação, mas sim se relacionando com os seus alunos e os ajudando a liderar projetos. Então, a resposta é sim: o papel do professor pode mudar com o e-learning, mas de uma forma que está mais relacionada com o que os grandes mestres sempre fizeram.
Universia Colômbia - Como a capacidade de um estudante pode ser medida no e-learning?
Há várias maneiras interessantes de medir o progresso desse estudante. No Khan Academy, por exemplo, qualquer aluno pode acompanhar seu próprio progresso através do nosso painel de aprendizagem. Lá, eles ficam sabendo tudo o que conquistaram (medalhas e pontuações) - o que é muito motivador. Para os professores e tutores, há também um painel com a mesma proposta. Um professor pode ver quais dos seus alunos podem estar com mais dificuldade em uma determinada lição e intervir para ajudá-lo.
Universia Brasil - Poderia, por favor, nos dizer quem você sempre admirou e por quê?
O economista Muhammad Yunus é um dos meus heróis. Como fundador do banco Grameen Bank, ele passou a oferecer microcrédito para milhões de famílias pobres de Bangladesh. O que é realmente inspirador sobre o seu trabalho é que ele viu uma maneira diferente de ajudar as pessoas. Ele observou mulheres em Bangladesh não faziam nada porque não podiam comprar os seus próprios equipamentos (que custavam poucos dólares). Ele, então, fez um empréstimo para algumas pessoas dando oportunidades, e viu que esse ato simples foi capaz de mudar a vida de uma pessoa necessitada.
Universia Porto Rico - Como o e-learning complementa o ensino tradicional de forma eficaz?
Uma das ideias para isso eu escrevi em meu livro The One World Schoolhouse. A tecnologia deve ser vista como ferramenta para melhorar e fortalecer as relações entre professores e alunos. O e-learning desafoga o professor permitindo que ele tenha mais tempo para conversar com seus alunos e explorar novas ideias em sala de aula.
Universia Brasil - Você mencionou que a missão do Khan Academy é proporcionar uma educação gratuita, de qualidade, para qualquer pessoa e em qualquer lugar. Esse é um grande objetivo. Está dando certo?
Estamos no início de um dos pontos de inflexão mais importantes da história: a Revolução da Informação. Acredito que em mil anos, os historiadores olharão para trás e considerarão esse momento tão importante como foi a Revolução Industrial, o advento da imprensa ou até mesmo a agricultura. Acredito que o principal benefício da Revolução da Informação é também a sua principal desvantagem: aumenta a produtividade e riqueza, com o risco de marginalizar aqueles com menos recursos ou educação. Sempre sonhei que, talvez, o Khan Academy poderia ser uma instituição global que aproveita a Revolução da Informação para resolver esse problema. Se pudermos ajudar para que um número muito maior de pessoas entre na sala de aula qualificada, haverá equidade e estabilidade na sociedade. Desta forma, a Revolução da Informação avança e acelera. Em minha mente, a nossa missão deve ter essa ambição.
Fonte: Universia Brasil
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